Com uma marca de três turnês nos últimos quatro anos na América do Sul, o Iron Maiden segue em alta com o público brasileiro. Na nona visita da banda que é considerada por muitos como a mais poderosa do heavy metal mundial, a estreia dessa vez foi com o show de São Paulo, neste sábado (26), no qual o Iron tocou por exatas duas horas frente a 50 mil headbangers no estádio do Morumbi. Em anos recentes, o grupo inglês se apresentou na cidade para 37 mil pessoas, em 2008, e para 63 mil, em 2009.
A lotação não foi máxima, mas a grande quantidade de fãs acompanhou uma apresentação com todas as características tradicionais da banda: som cristalino, muitos clássicos e energia de sobra de seus seis integrantes e, é claro, Eddie, o mascote que ganhou versão “espacial” no último ano.
A diferença dessa apresentação para a de 2009, no autódromo de Interlagos, foi na escolha do repertório, que misturou passado e presente. Enquanto a turnê de dois anos atrás foi uma ode à era clássica da banda, contemplando quase que apenas os cinco primeiros discos, desta vez eles aproveitaram para divulgar o álbum “The Final Frontier”, o 15º da discografia. A prioridade não foi só nos sons do disco novo, mas em outras músicas mais recentes da banda, desde o retorno de Bruce Dickinson, em 1999. O vocalista chegou a falar na gravação de um DVD que pode incluir o show e refutou os boatos de aposentadoria do grupo.
O show principal da noite --que teve abertura do Cavalera Conspiracy-- começou às 21h. O Iron Maiden trouxe ao país a estrutura completa da turnê e começou com a introdução "Satellite 15", enquanto um vídeo era exibido nos telões. O palco remetia ao tal satélite e algumas estruturas de luz imitavam naves, enquanto o pano de fundo era pontuado com luzes, como se fossem estrelas.
O sexteto entrou no palco com energia, e foi respondido prontamente pela plateia, que cantou junto o refrão da música de abertura do novo disco "The Final Frontier". Apesar de ser um conjunto de cinquentões, as duas primeiras músicas mostraram que um trio específico não perde em nada para outros roqueiros mais jovens, o que se manteve até o fim: Bruce Dickinson (voz), Janick Gers (guitarra) e Steve Harris (baixo) correram por todo o palco nas duas horas de show, como se estivessem em seus 20 e poucos anos.
Com a também nova "El Dorado", Dickinson deu seus primeiros berros de "scream for me, Brazil" (gritem para mim, Brasil), e explorou a plataforma ao fundo do palco, mais alta que o restante. O vocalista – de gorro, camiseta rasgada e calça camuflada – apresentou em seguida o clássico "2 Minutes to Midnight", do álbum "Powerslave", e a recente "The Talisman", do "The Final Frontier", sempre com o pano de fundo sendo trocado para combinar com a faixa em questão.
Antes de continuar, Dickinson saudou o público em português. "Boa noite! Obrigado. Tudo bem?", disse ele, continuando em inglês: "Ninguém teve este show que estamos tocando para vocês. Guardamos energia para o Brasil. Sei que vocês têm de ir à igreja amanhã, mas vamos mantê-los acordados por um tempo", riu o vocalista, prometendo um repertório longo, mas que não teve grandes alterações em relação aos outros da atual turnê.
Com "Coming Home", mais uma canção nova e de ritmo mais lento, a energia do público diminuiu, mas o interesse foi retomado com "Dance of Death", do álbum de mesmo título, de 2003. Interpretando a letra e cantando de modo irretocável durante as duas horas de apresentação, Bruce Dickinson mostrou um lado teatral, que foi completado pela atuação de Gers ao liderar a parte mais pesada da canção nas seis cordas de sua guitarra.
O instrumento foi o destaque em mais uma tradicional canção do grupo, "The Trooper", com o trabalho de Gers, Dave Murray e Adrian Smith, que mostraram ter muita sincronia durante todo o show. Nesta música, Dickinson vestiu sua roupa de cavaleiro e hasteou a bandeira britânica, como de costume.
O enfoque na discografia mais recente retornou com "The Wicker Man", com o público cantando em uníssono o refrão e suas melodias. Também do "Brave New World", de 2000, que marcou o retorno de Dickinson e Smith à banda, foi tocada "Blood Brothers", dedicada ao Japão. "Estávamos indo ao Japão quando aconteceu o terremoto. Vinte mil fãs ficaram sem o show. Não importa se você é branco, negro ou amarelo, se você é fã do Iron Maiden, somos todos irmãos de sangue", discursou Dickinson, usando o nome da canção. Antes dela, ele se mostrou emocionado com os gritos de "olê, olê, olê, olé... Maiden, Maiden".
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